quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O que falta pra Fantasia Nacional?

Neon Azul Fantasia BRVou ser bem direto nessa resposta: leitores. Com certeza o maior empecilho para os escritores nacionais, de qualquer gênero, é conseguir leitores. Não é que os brasileiros não leiam, o problema é que eles leem muito poucas obras de ficção de escritores nacionais, especialmente os novos.

Basta dar uma espiada em qualquer lista de livros de ficção mais vendidos pra constatar isso. Quantos livros nacionais vocês encontrarão? Muito poucos, posso garantir (se encontrar algum). Agora, quantos são americanos ou europeus? E quantos desses livros já tiveram (ou terão) suas versões pra cinema ou TV?

É certo que, em geral, os livros viram best-sellers e só depois vão para as telas, mas é indiscutível que basta o rumor de uma adaptação para o livro abocanhar muito mais leitores. E o brasileiro já se acomodou (na minha opinião) a ler preferencialmente o que viu ou verá no cinema. Até Grinmelken-Filhos-de-Galagah Fantasia BRas editoras percebem isso e tratam de trazer na maior urgência os livros nessas condições que ainda não têm traduções no Brasil.

Isso é provado porque os livros brasileiros adaptados para o cinema ou TV também sofrem um aumento nas vendas na época de sua adaptação.

Então, resumindo, os brasileiros leem preferencialmente livros (estrangeiros) que tiveram algum tipo de adaptação para outra mídia.

Saber o que motiva as pessoas a ler “isso” ao invés “disso” é complicado. O que é certo é que a publicidade, como sempre, tem seu papel nessa escolha. Adaptações cinematográficas e para TV sempre estão associadas a muita, muita publicidade. O que acaba divulgando o livro também.

Dragoes de Eter Fantasia BROs livros no Brasil ainda são muito caros (comparados ao salário que o brasileiro recebe). Alguns pensam que comprar livros que já são importados pra cá como best-sellers é uma “garantia” de um bom investimento.

Somando isso às indicações de amigos, resenhas e propaganda em revistas, jornais e internet, temos mais um best-seller estrangeiro no Brasil.

Mas isso não significa que nunca lerão nada nacional. O cenário da fantasia nacional vem mudando muito nos últimos tempos, angariando cada vez mais leitores fora do seu grupo de iniciados. Nós temos bons exemplos disso como os livros do veterano André Vianco e o livro A Batalha do Apocalipse, do Eduardo Spohr, que passou semanas na lista dos mais vendidos, só pra citar os dois mais famosos.Eduardo-Spohr-Fantasia-BR

Com certeza muita coisa está mudando nos últimos anos com relação à fantasia nacional. Existe muita gente boa e disposta a fazer o possível pra lançar mais luz sobre o gênero, mas há ainda muito a avançar.

Cada um de nós também pode fazer sua parte e ajudar a fantasia brasileira a sair da obscuridade. Sabe como?

LEIAM FANTASIA NACIONAL!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Só mais uma lista de livros

Hoje resolvi me contradizer e falar um pouco sobre o que eu ando lendo. Selecionei para essa lista dez livros e/ou séries literárias que eu li ultimamente e que mais me chamaram a atenção e que valem um comentário. Não é uma lista de livros lançados recentemente, por isso inclui desde clássicos a livros mais atuais. Alguns dos livros eu já fiz resenhas outros ainda vou fazer, mas resolvi adiantar alguma coisa.



A História Sem Fim – Michael Ende: Um livro muito, muito interessante. Sinceramente tenho medo de resenha-lo. É que o livro tem um estória encantadora e envolvente, uma criatividade infinita, mas com pontos altos e baixos. E é bem diferente daquele filme antigo que eu costumava ver na Seção da Tarde. No geral vale muito ler. Você percebe quantos filmes e livros beberam dessa fonte. Já resenhei Momo e o Senhor do Tempo também do Ende.

Marcada – P. C. Cast e Kristin Cast: Na onda de livros de vampiro que estava rolando por ai resolvi me arriscar com essa obra. O livro não foi nenhum grande achado, mas eu gostei de algumas coisas. Eu li a tradução em português e tem muitas coisas que ficaram estranhas, mas já ouvi algumas pessoas dizendo que o original em inglês é bem melhor.

Percy Jackson e os olimpianos – Rick Riordan: Uma série que eu comecei no ano passado e ainda estou por concluir. Já li os quatro primeiros livros (O Ladrão de Raios, O Mar de Monstros, A Maldição do Titã, A Batalha do Labirinto) sendo que falta o último (O Último Olimpiano). É uma série legal, tem uma estória boa e é bem humorada, mas não consigo deixar de notar as extensas semelhanças com Harry Potter. E eu nem estou falando das coisas mais obvias, como um trios de protagonistas (um garoto corajoso, a garota superinteligente e o garoto engraçado), profecia, vilão tentando recuperar o corpo, etc. Falo de todas as mensagens de amizade e coragem, os conflitos pessoais, problemas com parentes (no caso do Percy o padrasto). Coisas com que o leitor se identifica fácil. Já cheguei a pensar ser uma cópia por encomenda de Harry Potter. Mas isso não tira o mérito da série e eu ainda me divirto muito com os livros.


O Pequeno Príncipe – Antonie de Saint-Exupery: Não tinha lido esse livro na infância então resolvi tirar o atraso. Embora seja um livro aparentemente infantil só um adulto poderá aprecia-lo plenamente. São lições que tocam fundo o coração e faz jus a toda sua fama.

Histórias extraordinárias – Edgar Alan Poe (traduzido e adaptado por Clarice Lispector): Um livro de contos do grande mestre do terror. Como é se se esperar de um livro de contos, esse vai de contos absolutamente incríveis aos bons e claro aos ruins. O gato preto, A máscara da morte rubra, A queda da Casa de Usher estão merecidamente entre os mais famosos. Indispensável.

Diários do Vampiro – L. J. Smith: Essa série não é nova, mas só veio recentemente para o Brasil impulsionada pela onda vampira. Só li o primeiro livro até agora e, sinceramente, não me impressionei. Já vi bastante gente dizendo que a série de TV é bem melhor, o que é o contrário do que costuma acontecer com as transições de mídia. Mas pretendo dar uma nova chance para a série e ler os próximos livros.

O Livro do Cemitério – Neil Gaiman: Já fiz resenha desse e deixei bem claro o quanto gostei do livro. É Neil Gaiman. O que mais eu posso dizer?


O Iluminado – Stephen King: Vibrante. Poucos livros conseguiram me dar medo e esse foi um deles. Primeiro ele é devagar, está te seduzindo. Depois suspense, está te amarrando sem que você perceba. Finalmente a bomba explode na sua cara e é impossível largar de tão eletrizante. Um dos melhores livros de terror que já li. Ele também tem resenha.

As Crônicas Marcianas – Ray Bradbury: Ficção Científica das boas. Com seus contos que acompanham a colonização de marte pelo homem Bradbury nos faz refletir sobre a natureza humana e o seu potencial de destruição diante do que não entende. Meio ecológico, meio filosófico, meio melancólico, meio visionário, meio catastrófico. Pelo visto vão fazer um filme baseado nesse livro. Só espero que Hollywood não estraguem mais esse.

Dragões de Éter – Raphael Draccon: Agradável surpresa na literatura nacional. Uma série que une os clássicos contos de fadas com muitas referencias a cultura pop. Ela é dessas leituras em que as páginas vão passando tão rápido que você nem percebe. Já li os dois primeiros livros (Caçadores de Bruxas e Corações de Neve) e estou concluindo o terceiro (Círculos de Chuva).

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

[Animê] Hellsing

Hellsing foi inicialmente publicado na revista Young King Ours (revista japonesa destinada ao público masculino adolescente) no ano de 1998. O trabalho, escrito e desenhado por Kouta Hirano, agradou o público e em 2001 ganhou uma série animada para televisão com 13 episódios. Era transmitido somente às quartas-feiras de madrugada, mesmo assim conseguiu bons índices de audiência.


O animê gira em torno dos Cavaleiros Reais da Ordem Sacristã ou Organização Hellsing, uma instituição que tem por missão destruir os vampiros e os ghouls (mortos-vivos que surgem depois que os vampiros sugam todo o sangue de um humano).

A maior arma da Organização Hellsing é um dos últimos vampiros legítimos, Arucard. Ele é o personagem mais cativante da série com seu jeito misterioso e cheio de poderes. É curioso perceber as súbitas mudanças de espirito que Arucard sofre conforme surgem novas situações. A ele se junta Celas Victoria uma policial que torna-se vampira por vontade própria, mas não quer beber sangue e hesita em matar. Victoria é o personagem mais sensível da estória e um dos mais instigantes.

A Organização Hellsing é controlada por Sir Integra Wingates Hellsing, uma mulher durona descendente do próprio Van Hellsing, que também possui segredos que serão revelados ao longo da série.

Tudo na estória é rodeado de mistérios, a razão para um vampiro tão poderoso como Arucard, servir a Organização Hellsing é uma delas, mas tudo só é revelado aos poucos no decorrer dos episódios, causando uma curiosidade cada vez maior.

Ao longo dos 13 episódios da série personagens surgem e se vão frequentemente. Descobrimos a existência da Instituição Iscariot, uma organização que presta basicamente os mesmos serviços da Hellsing mas que não tolera nenhum vampiro e responde diretamente ao Papa. Seu principal agente é o padre Alexander Andersen, que acaba se tornando um grande inimigo de Arucard.


Cheia de viradas, Hellsing consegue misturar terror e muita violência, com um pouco de erotismo e comédia, e fazer uma estória realmente muito boa e que fica na sua cabeça muito tempo depois do seu fim (nem que seja de raiva :P).

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Arte Fantástica de Marek Okon

Marek Okon é um polones de 28 anos muito talentoso. Ele arraza nessas imagens futuristas e fantásticas.
Confina mais do seu trabalho no seu site.








Para ver em tamanho maior é só clicar nas imagens.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Vampiros, Anjos e a próxima tendência da estação

Há algum tempo a atrás tomei conhecimento de um hype em torno de uma série de livros norte-americana sobre vampiros. O primeiro livro da série, chamado Twiligth, logo viraria filme e os já estava a ponto de ser publicado no Brasil. Não demorou muito pra virar febre aqui também.

Mas o que mais me chamou atenção nisso tudo foi o que ficou conhecido como “moda vampira” ou algo do gênero. Vários livros de vampiros foram “ressuscitados”. Muitos, muitos livros de vampiros foram publicados. Mas isso não ficou restrito só aos livros. Filmes e séries surgiram. HQs foram lançadas e relançadas. Os sites e blogs só falavam disso. Tinha para todos os gostos. Isso durou algum tempo e ainda continua ecoar por ai.

Mais recentemente li uma matéria em um jornal ou revista com profetizava a vinda dos anjos. Os anjos seriam os novos vampiros. A princípio achei que era exagero, esse negocio de moda na literatura não existia. Quem gosta de ler, lê o que tem vontade e não vai seguir tendências. Eu cometi um grande erro de julgamento. 

Arte Mariano Villalba

Agora dando uma volta na blogosfera literárias eu percebo o quanto eu fui ingênuo. Os livros sobre anjos geraram um novo hype no mercado. São tantos livros, uma boa parcela voltado para o publico juvenil feminino, que nem ousei contar.

Mas agora eu me pergunto: e depois? Qual vai ser a da vez?

Agora pensando melhor sobre o assunto imagino que sempre houve isso ou algo parecido na literatura. Tem sempre uma geração ou grupo que se sente mais atraída por um gênero, um estilo, um tema. Mas o que está havendo agora é algo um pouco diferente. Isso é quase como as modas de vestiários, muda conforme a estação.

O que mais temo com relação a essas marés na literatura fantástica são os escritores oportunistas. Esses que parecem ficar analisando o que vem sendo publicado, estudando as tendências de mercado e escrevendo só aquilo que julgam estar na moda. Seu objetivo é ganhar dinheiro, talvez fazer fama, nada mais.

Sobre esses eu só espero que eu nem ninguém caia nas suas teias.

E enquanto eu espero para ver a próxima tendência da estação, vou continuar com meu estilo alternativo e fora de moda. E vocês, que estilo têm?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr

A Batalha do Apocalipse de Eduardo Spohr

“Não há na literatura em língua portuguesa conhecida nada que se pareça com A Batalha do Apocalipse.”

- José Louzeiro, escritor e roteirista

Estória ágil, enredo inteligente, personagens cativantes e um épico de proporções tolkianas. Isso é o que Eduardo Spohr nos traz em A Batalha do Apocalipse, e mostra que a fantasia nacional em nada perde para a estrangeira.

Enquanto J. R. R. Tolkien se valeu da mitologia celta e anglo-saxã, para dar vida a uma das maiores obras de fantasia que o mundo já viu, a trilogia O Senhor dos Anéis, Spohr foi mais ousado, no seu livro ele se valeu da mitologia judaico-cristã, povoada por mitos que quase todo mundo conhece, como anjos, demônios, espíritos e o próprio Deus e o Diabo. Tudo isso num épico gigantesco, cheio daquilo que mais atrai os leitores de fantasia: aventuras, magia, lutas incríveis e a incessante luta entre o bem e o mal.

Apesar dos mitos judaicos e cristãos, o livro em nada se parece com uma chata história sobre religião. Nesse livro acompanhamos a saga de Ablon, o Anjo Renegado, que foi expulso do Plano Celeste, antes mesmo da queda de Lúcifer, por tentar defender a raça humana contra a tirania do Príncipe dos Anjos, Miguel, que ficou com o encargo de governar o Plano Espiritual, enquanto o Criador repousa em seu sono letárgico do Sétimo Dia.

A estória começa com o prenúncio do Fim dos Tempos, mas ao decorrer da narrativa vamos acompanhando algumas das maiores aventuras de Ablon antes do tempo presente e o vamos acompanhando em aventuras esplendorosas, como a de Babel, que foi para mim uma das melhores passagens do livro, e também vamos conhecendo melhor personagens memoráveis, como a Bruxa Shamira, amiga inseparável do Renegado, e outros tantos igualmente memoráveis.

O livro se encaminha para um final apocalíptico e não decepciona. Um clímax incrível, em que você não consegue largar até chegar ao desenlace, mais confesso que achei aquele finalzinho meio estranho…

A Batalha do Apocalipse é sem dúvidas, uma dos melhores épicos que já li. Como já foi dito, a narrativa ágil, o enredo inteligente e principalmente os personagens cativantes, onde até o Diabo tem seu carisma, é o que faz esse livro tão especial e que merece o espaço que vem conquistando entre os leitores nacionais.

Uma das coisas de que mais gostei no livro é a maneira com Spohr reúne vários mitos e dá uma única explicação convincente, mais não gostei a maneira como Cristo foi retratado no livro, não que eu seja religioso, mais esperava uma importância maior dele para o livro.

A Batalha do Apocalipse é um dos primeiros do gênero de Fantasia Nacional a crescer bastante entre os leitores brasileiros (e esperamos que não seja o último), alcançando, inclusive, a lista de mais vendidos. Se não leu, leia, garanto que não ira se decepcionar!

Título: A Batalha do Apocalipse: da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo
Autor: Eduardo Spohr
Ano: 2010
Páginas: 586
Editora: Verus Editora