No livro anterior da série House of Night, Marcada, Zoey Redbird começa sua transformação em vampira e é obrigada a se mudar para a Morada da Noite, uma espécie de internato para jovens vampiros em processo de transformação. Depois de vários problemas ela finalmente se sente aceita e até obtém um papel de destaque na sua nova casa.
Esse segundo livro da série começa exatamente de onde o anterior parou. Zoey foi nomeada líder das Filhas das Trevas e também está sendo treinada para ser futuramente um Grande Sacerdotisa. Agora ela quer por fim ao legado de Aphrodite, antiga líder das Filhas das Trevas, e tornar o grupo bem mais acessível para os novatos da Morada.
O livro dá continuidade ao um mistério iniciado ainda no livro anterior e Zoey começa a questionar sobre o bem e o mal na Morada da Noite. Para mim foi fácil saber quem trairia Zoey, pois já percebi pistas desde o livro anterior. Além de tudo ela tem de enfrentar também seus complicados problemas sentimentais que envolvem mais pessoas do que ela queira.
A sensação é que o tempo passa mais lento na Morda da Noite. Embora uma grande quantidade de coisa aconteçam ao longo do livro, só alguns dias se passam, o que é explicado por outro problemas da narrativa. As coisas vão acontecendo uma atrás da outra muito rapidamente. Basta Zoey mudar de cômodo ou resolver dar um passeio fora do prédio que acontece algo. Já havia sentido isso no livro anterior, mas nesse, com certeza é bem mais marcante. Tanto que eu me surpreendi quando li que o livro anterior se passava somente no período de um mês.
A narrativa também não mudou muita coisa. As autoras ainda insistem em constantemente citar nomes de marcas e produtos reais, o que sempre me deixa um pouco incomodado em qualquer livro. Ao tentar emular os pensamentos de uma adolescente, embora seja algo até normal delas tentarem fazer já que o livro é escrito em primeira pessoa, elas deixaram constantemente a narrativa chata e recheada de passagens fúteis. Muitas vezes fui surpreendido no meio de um trecho tenso por pensamentos ou falas sobre beleza ou romance, o que quebra completamente qualquer clima que supostamente elas queriam passar.
Ponto para as autoras pelo fato de que elas não tentam ceifar a sexualidade de seus personagens. Eles são adolescentes e é mais que normal as coisas acontecerem. Até o fato de a Zoey agir contraditoriamente em alguns momentos para mim foi algo que eu achei natural.
O livro narra a vida em uma escola de vampiros, mas bem que poderia ser uma escola de bruxas e bruxos neopagãos. As referencias são tão gritantes, principalmente nos rituais, que por vezes eu realmente me esquecia de que Zoey era na verdade uma vampira.
Em sua maior parte é um livro leve, um bom entretenimento e um prato cheio para quem curte o gênero. Mas é só em suas páginas finais que as autoras mostram um talento que possuem: o clímax. Embora não tão tenso quando o apresentado no livro anterior, o clima de tensão é bem construído. Elas ainda colocaram Zoey em uma situação bem complicada que só poderá ser resolvida nos próximos livros.
Aliás, é algo que percebi que vai marcar a série. Os livros nunca vão ser conclusivos, vai ter sempre uma trama que só será melhor explorada no próximo livro, nos obrigando a continuar a ler essa série enorme, com nove livro publicados e que ainda não foi nem concluída. Mas se você for fã é obvio que não vai mesmo ligar para isso e vai querer é mais.
Título: Traída
Título original: Betrayed
Autor: P.C. Cast e Kristin Cast
Ano: 2009
Páginas: 343
Editora: Novo Século
Tradução: Johann Heyss
