terça-feira, 26 de novembro de 2013

Especiais, de Scott Westerfeld

Especiais Scott Westerfeld Fantasia BR

Finais de séries sempre são complicados. Não tem como não criar expectativas, ter nossos palpites e coisas do tipo. Com essa série não foi diferente. É impossível agradar todo mundo. Mas para minha sorte esse foi um final muito digno para um série significativa.

Acho que não preciso avisar que tem spoilers dos livros anteriores, né?

Depois que Tally Youngblood se transformou em uma Cortadora – um grupo de elite de Especiais – ela está mais uma vez sob controle da Dra. Cable e da cidade. Embora possa desfrutar de alguma liberdade e de um corpo com capacidades sobre humanas ela é novamente uma prisioneira mental.

Mas Tally nunca foi o tipo normal de pessoa. As recordações do passado ainda mechem com ela, o que não deveria acontecer.

Tally e Shay e os outros cortadores descobrem que enfumaçados estão contrabandeando para dentro de Nova Perfeição comprimidos de cura para as lesões cerebrais que os perfeitos sofrem durante as suas cirurgias. Através dessa descoberta elas bolam um plano para descobrir onde fica a cidade de Nova Fumaça e assim poderem enfim acabar com a ameaça dos enfumaçados. Como era de se esperar o plano é muito arriscado e envolve quebrar muitas regras e por muitas pessoas em perigo.

É certamente um livro diferente dos demais. Aliás essa é uma característica de toda a série. A cada livro a história muda de cara assim como a protagonista. Tally passou ao logo da série por inúmeras transformações não só físicas, mas principalmente internas e sentimos isso nitidamente na narrativa.

Cada umas dessas transformações deixou sua marca e não têm como Tally voltar a ser a mesma menina inocente de antes. Tally agora é uma mulher e precisa decidir como agir e não apenas ser mais uma vítima das consequências. Depois de passado o tempo de incertezas ela finalmente é obrigada a fazer suas escolhas definitivas e surpreende todo mundo.

Eu mesmo não esperava por esse final, mas ele foi totalmente coerente com a proposta do autor para a série. Na verdade, na minha opinião, foi a melhor escolha, e demostra como a Tally amadureceu, embora possa te deixar com uma estranha sensação de que talvez não tenha sido um final totalmente feliz.

Ao logo do livro finalmente o mundo como um todo vai sendo mais explorado e conhecemos melhor como as coisas funcionam em um escala maior. Era uma coisa que eu esperava muito e finalmente me senti satisfeito.

Especiais, como toda boa distopia, assim como os livros anteriores, está cheio de analogias e críticas a nossas sociedade. Mais nesse, além disso, traz também no eu fim uma esperança e uma mensagem bem clara.

Ainda existe mais um livro na série, chamado Extras, mas que não mais acompanha a história de Tally, mas de outros personagens dentro do mesmo universo ficcional criado pelo autor.

Título: Especiais

Título original: Specials

Autor: Scott Westerfeld

Ano: 2011

Páginas: 351

Editora: Galera Record

Tradução: André Gordirro

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Os Videntes, de Libba Bray


Dons sobrenaturais, assassinatos macabros, personagens incríveis e Nova York nos anos 20. Tudo isso e muito mais compõe a trama instigante e deliciosa criada pela escritora Libba Bray nesse livro que entrou para a lista dos meus livros prediletos.

Os videntes foi uma grata surpresa pra mim que não esperava tanto desse livro. Eu tinha lido sobre ele a muito tempo atrás e cheguei até a esquece-lo, então do nada ele surgiu na minha frente numa livraria qualquer e tive que aproveitar a oportunidade. Passei essa obra na frente de muitas outras que estão esperando ansiosamente que eu as leia, mas não me arrependi nem um pouco disso, afinal de contas eu fui sugado do meu tempo e cai nos anos 20 em plena Nova York, cidade dos contrabandos, dos bares ilegais, dos cinemas espetaculares e da diversão sem limites numa época onde a diversão era  muito mais valorizada do que nos dias atuais. Adoro livros que me fazem sair do lugar onde eu estou e esse com certeza tem essa capacidade. Libba Bray escreve brilhantemente bem. Foi meu primeiro livro da autora mas o bastante pra me tornar um fã.

A principio eu pensei que a história iria girar em torno de uma personagem apenas, pois os primeiros capítulos são voltados para a vida da jovem Evie O'Neil que foi exilada da sua cidade natal por não se comportar conforme mandava o figurino e acabou sendo mandada para Nova York onde iria passar a morar com o seu excêntrico e misterioso tio Will, mas no decorrer dos capítulos, vamos sendo apresentados a personagens chaves para toda a historia e todos eles incluindo Evie tem algo em comum: dons especiais dos quais eles não gostam muito de falar. Com isso vamos descobrindo bem aos poucos sobre os dons e sobre o passado de cada um. No meio de todas essas histórias uma serie de assassinatos macabros com uma pitada de simbolismo antigo e rituais maléficos começam a acontecer na cidade e como o tio de Evie é um grande estudioso do sobrenatural a policia local pede seu auxilio nesse caso que parece ser impossível de solucionar.

Evie é uma mulher a frente do seu tempo, moderna e bem divertida, sempre esta atrás de diversão e experiencias novas, quando a policia chama seu tio para ajudar no misterioso caso ela não perde tempo em ir atrás deles apenas para poder contar para o povo atrasado e antiquado da sua cidade como ela esta levando uma vida muito mais animada em Nova York, mas essa sua decisão acaba se mostrando bem perigosa quando acidentalmente ela usa o seu misterioso dom na cena do crime. Ela acaba se tornando a pessoa que tem mais pistas do assassinato e não sabe como lidar com isso.

Todos os dons parecem estar conectados de alguma forma, mesmo que sejam bem distintos uns dos outros, cada um desses personagens parece estar conectado por essa linhagem sobrenatural. Entre vislumbrar o passado apenas tocando objetos e curar doenças apenas com o toque das mãos, essas pessoas que tentam levar uma vida comum sempre acabam por se envolver em histórias perigosas. Não tem como escolher apenas um desses personagens como o predileto, é claro que Evie é a que mais chama a atenção mas os outros não ficam de lado, cada um tem uma personalidade incrível que fisga o leitor de uma forma única.

Esse livro faz parte de uma serie de livros intitulada Dinivers e não há ainda uma previsão sobre o lançamento da sua sequência aqui no Brasil. Sei que no meio de tantas series iniciadas surge aquele receio de começar mais uma, mas esse livro é tão bom que vale a pena.

Os direitos de adaptação do livro já foram comprados pela Paramount. Só me resta esperar que seja uma adaptação digna dessa história incrível e surpreendente.

Titulo: Os Videntes
Titulo original: The Diviners
Autor: Libba Bray
Ano: 2012
Páginas: 567p.
Editora: Id
Tradução: Mariana Zambon


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O Pistoleiro: A Torre Negra vol. I, de Stephen King

O Pistoleiro A Torre Negra vol 1

Roland Deschain é o último pistoleiro, vindo de um mundo devastado esse enigmático personagem inicia neste primeiro volume, de uma série de 7 livros, sua peregrinação em busca da lendária Torre Negra, um lugar místico que controla todo o Tempo e Espaço, a única coisa capaz de restaurar seu mundo.

O livro inicia-se em uma paisagem desolada que dá aquela sensação de tristeza e abandono, mas que encanta ao mesmo tempo, e é aqui que nos deparamos com Roland no encalço do Homem de Preto, uma espécie de feiticeiro que tem muitas respostas ás suas perguntas sobre sua busca pela Torre. No caminho, através desse mundo estranho, desértico e cheio de elementos fantásticos Roland se depara com alguns obstáculos e a trama possui também alguns flashbacks que dão algumas poucas revelações sobre o passado do pistoleiro. As poucas aventuras no decorrer do livro são de tirar o fôlego como a passagem de Roland pela cidade de Tull, que teve um desfecho incrível, surpreendente e com muita ação (foi minha passagem favorita) e também o encontro do pistoleiro com o garoto Jake (um personagem de extrema importância na série) que foi um tanto dramático.

Não há muito o que comentar em relação ao primeiro livro de A Torre Negra. Uma palavra resume a maior parte dele: confuso! Mas isso não quer dizer que o livro é ruim, muito pelo contrário. Uma coisa que King faz com o leitor aqui: simplesmente o joga em um mundo totalmente estranho, com um personagem extremamente enigmático com um proposito meio sem fundamento e maluco em mente que é encontrar a maldita Torre. A impressão que se tem de O Pistoleiro é que ele não é nada mais que um imenso prólogo para o que verdadeiramente te espera nos volumes seguintes da série. Pois a partir do capítulo final você começa a enxergar o propósito da história e que rumo ela deve tomar a partir de então. Mas, mesmo assim o leitor ainda se sente meio perdido. Por isso, a meu ver, A Torre Negra não é recomendada para leitores que não conhecem Stephen King. Se nunca leu nada dele não comece por essa série.

King é sutil em sua maneira de contar uma história, nada de entregar tudo de mão beijada de uma só vez, ele gosta de brincar com o leitor o seduzindo aos poucos seja com uma violenta cena de ação, algumas revelações surpreendentes e pequenos dramas ao longo da trama. E o que sei sobre A Torre Negra é que se trata de uma LONGA história dividida em sete volumes e o mundo fantástico que serve de pano de fundo para a série é, segundo o próprio King, seu próprio mundo imaginário onde ele criou grande parte de suas histórias.

Então se leu O Pistoleiro e esperava mais como eu, espere pois o que é bom de verdade começa a partir do volume dois, A Escolha dos Três, que espero resenhar em breve. Então até lá e Longos Dias e Belas Noites!

Título: O Pistoleiro: A Torre Negra vol. I

Título original: The Gunslinger

Autor: Stephen King

Ano: 2004

Páginas: 224

Editora: Suma de Letras

Tradução: Mario Molina

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Wild Cards – O Começo de Tudo, edit. por George R. R. Martin

Wild Cards - Livro 1, O Começo de Tudo, George R.R. Martin

Já comecei esse livro com uma pequena suspeita de que talvez essa coisa de uma mesma história contada por tantos autores em contos diferentes talvez não deixasse o efeito muito bom. Engano meu.

Ser exposto a tantos autores diferentes deixou a história, de uma modo geral ainda mais interessante na medida em que cada autor, imprimindo um pouco de sua personalidade aos personagens de seus contos, tornou mais “realista” as mudanças de pontos de vista. Isso só enriqueceu a obra.

Mas eu também me peguei perguntando como o esquema de produção do livro funcionou. São treze autores, mas os contos estão muito bem sincronizados entre si, com personagens de um conto aparecendo em outros de uma maneira bem natural. Fiquei imaginando como o Martin fez isso funcionar, se ele trocava os contos entre os autores, se ele determinava o enredo das histórias... Mas o importante é que o livro todo é bem executado, eu garanto.

A história gira em torno de um vírus alienígena que, nada acidentalmente, cai na terra e depois de alguns acidentes infelizes acaba se espalhando por Nova York mantando muitas pessoas e mudando algumas poucas. Dentre as que sobreviveram, as que não se transformaram em coisas grotescas, que foram apelidadas de coringas, desenvolveram poderes sobre-humanos e foram batizados de azes.

Eu sei que você pode estar se perguntando “mutantes tipo X-Men?”. A resposta é com certeza não. Tá mais pra “mutantes tipo Heroes (a série de TV)”. Eles inicialmente são pessoas totalmente comuns, algumas até ordinárias, que passam a desenvolver algum dom extra-humano, ou meta-humano como alguns gostam de dizer.

Duas coisas me chamaram a atenção ao longo do livro. <Spoiler> Quase nenhum protagonista era coringa e os finais eram felizes ou o mais próximo disso. Acho que isso é até bom, pois parece que a maioria dos autores que vejo por ai tendem a dar finais trágicos para seus contos. Mas ainda assim queria ver mais da história por trás dos olhos dos coringas <Fim do spoiler>.

O livro termina deixando no ar algumas coisas para serem exploradas mais adiante por alguns personagens que, imagino, vão ser recorrentes ao longo da série.

O próprio Martin só escreveu um conto, se você não contar a introdução e os interlúdios que são escritos em estilo jornalístico. Mas incrivelmente foi um dos contos que eu menos gostei.

Outra coisa que me chamou atenção foi o fato de que, dos treze autores que têm contos no livro, apenas três são mulheres, mas só há dois contos protagonizados por personagens femininos. Não é nenhuma crítica, só uma coisa que acabou me chamando atenção. Acho que pelo fato de eu gostar muito de fantasia e ficção científica escrita por mulheres, e com os contos desse livro não foi diferente. Ritos de degradação, de Melinda M. Shodgrass, e A garota fantasma conquista Manhattan, de Carrie Vaughn, estão entre os meu favoritos.

Eu quero também destacar o conto O dorminhoco, de Roger Zelazny, que foi o meu favorito desse livro e também de onde saiu o meu personagem favorito do livro, que faz várias aparições nos outros contos e espero que seja ainda mais utilizados nos próximos livros.

O livro é praticamente todo ficção científica, pois as explicações para os poderes são de origem genética, mas isso não restringe nada. Às vezes os autores dão uma flertada com o fantástico e o terror sem causar nenhuma estranheza, pois afinal, antes de tudo, é um livro sobre super-heróis. Ou seja, você pode esperar um pouco de todos os gêneros.