segunda-feira, 14 de abril de 2014

Santuário, de Andrio Mandrake


Em 2012 uma grande estiagem que ocorreu no Rio Grande do Sul acabou revelando as ruínas de uma vila alagada por uma represa há 40 anos. A partir desse evento atípico Andrio Mandrake desenvolve sua narrativa que envolve mistério e sobrenatural. 

Logo de cara, uma das coisas que me chamou atenção nesse livro foi o uso de um acontecimento real, num lugar que existe, para criar uma narrativa fantástica. Nada de outros mundos ou universos paralelos. Ou seja, nada de ter que aprender tudo sobre um novo mundo mais uma vez. Um alivio, sento sincero.

O livro divide-se em dois domos, cada um iniciado com uma ilustração muito bela. Aliás no livro todo nota-se um cuidado com a parte gráfica. Desde a capa até detalhes no inicio de cada capítulo, o que se torna uma atração a mais para o livro.

Andrio conseguiu construir bem alguns personagens, com diálogos internos bem realistas que acaba por criar empatia. Entretanto é na hora da interação entre esses personagens que ele peca. Principalmente com os diálogos. As coisas, nesses momentos, acabavam acontecendo em uma velocidade exagerada, e nem sempre natural.

A história foca em alguns poucos personagens. Mas é Ian, um historiador, o ponto central da trama e a partir do qual todos os outros orbitam. É assim o personagem trabalhando com mais profundidade e que tem um complicado dilema interno. Ele vai visitar as ruínas da vila principalmente para fugir de problemas familiares e no trabalho, tentando espairecer. Mas para seu azar acaba encontrando muito mais do que isso.

Outra personagem importante, Laura foi quem mais me intrigou. Completamente impulsiva, e extremamente rápida na hora de abandonar o luto pela morte do amigo.

Algo que pode atrapalhar a fluidez da leitura de alguns, como atrapalhou a minha, é a linguagem arcaica que permeia o livro. Esse tipo de linguagem era mais presente na fala da jovem sacerdotisa. Era um traço da sua linguagem e se fosse só isso não me incomodaria. Mas, talvez com a intenção de dar mais elegância ao texto, as linguagem rebuscada em alguns trechos acabava me despertando do “transe” que a leitura proporciona quando é fluida.

Fazendo um balanço geral sobre o livro, acho que ele merecia um novo tratamento para concertar as falhas. A premissa é boa, me deixou interessado, os personagens foram bem escolhidos e o mistério é bom. Mas a execução deixou a desejar em alguns pontos. Apesar de todas as coisas que me incomodaram, a minha impressão sobre o livro teria sido muito melhor se não fosse pelo final. Acho que merecia uma melhor explicação obre os fatos que ocorreram e um proposito mais claro.

Algo que conta a favor do livro é que ele ao menos não caiu na armadinha da continuação. É um livro fechado (embora nada tire a possibilidade do autor escrever mais sobre os personagens). Ponto pro Andrio.

Você pode adquirir o livro na página do livro Santuário no blog do autor.

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